Rio Grande do Sul: uma praia de 600 km…
admin | 6 de maio de 2008Do alto do farol Albardão podemos entender toda a natureza da maior praia do mundo, a praia do Cassino, e por conseqüência, de todo o litoral gaúcho.
Lá do alto do farol o que nos chama mais atenção é a retilinearidade do litoral, a cor amarronzada das águas do mar, a grande quantidade de dunas paralelas à praia e associado a isto a pouca vegetação em direção ao interior onde mais ao fundo estão imensas lagoas. Para entender o porquê da retilinearidade dos 600 km do litoral gaúcho é necessário retroceder no tempo e falar em regressão e transgressão do oceano. Num tempo, há milhares de anos atrás, o Oceano Atlântico batia suas ondas de encontro às Serra do Mar e Serra Geral, esta bem mais afastada da costa. Observando o mapa de relevo percebemos que o atual litoral gaúcho corre paralelo à Serra Geral. Quando o mar regrediu a atual posição, formaram-se as grandes lagoas interiores: Patos, Mirim e Mangueira e por sua vez outras menores, bem mais próximas ao litoral. Com o passar do tempo, os rios provenientes da Serra Geral abriram caminhos para o mar e estas lagoas tornaram-se doces. A ausência de ilhas, arrecifes ou qualquer outro obstáculo fez com que o mar regressasse quase por igual, simetricamente, à linha das Serras anteriores, tornando-se assim retilíneo. Ao longo desses milhares de anos os rios foram depositando sedimentos no oceano que por sua vez trabalharam estes sedimentos conforme regredia e avançava. Depositando ininterruptamente areia, formou esses imensos cordões arenosos paralelos ao oceano. Esta vasta planície arenosa isola então do mar as lagoas dos Patos, Mirim, Mangueira e outras. Açoitada constantemente pelos ventos do quadrante sul formaram-se então as dunas, com altura média de 6 metros mas podendo atingir até 20m de altura. Soprando perpendicular à costa, o vento denominado “carpinteiro da praia” impulsiona estas dunas em direção as lagoas costeiras assoreando-as. Diante de condições tão adversas como as colocadas acima, não é difícil entender o porquê de a vegetação ser tão escassa na praia do Cassino. A vegetação litorânea pode ser de praia, de dunas, de restinga e de mangues. A única inexistente na praia do Cassino é a vegetação de mangue contribuindo para isso vários fatores, sendo os principais: alta latitude, pouca variação de maré, ausência de águas abrigáveis, etc. No que diz respeito à faixa arenosa a escassez de vegetação pode ser explicada basicamente por dois fatores: a) os solos são pobres em substâncias nutrientes, muito permeáveis e com pouca umidade já que estão sujeitos a evaporação. b) o vento é o fator que mais se faz sentir na seleção da vegetação. Além de danificar a parte aérea das plantas no caso das dunas ele causa também o soterramento destas. Apesar de amarronzadas, as águas da praia do Cassino não são poluídas, o marrom é explicado pela grande quantidade de nutrientes que fazem bem tanto ao banho como para as milhares de aves que dali tiram o seu sustento. A natureza foi responsável por dois fenômenos muito particulares na praia do Cassino: A) aproveitando a retilinearidade da costa a praia era considerada como uma estrada. Até a década de 60, antes da construção da BR – 471 a ligação do extremo sul (Chuí) com a cidade de Rio Grande era feita (inclusive por ônibus e caminhões) pela praia. Várias carcaças de veículos guiados por motoristas imprudentes, estão no fundo das areias da praia. B) outro fato interessante é que devido a pouca profundidade do litoral (bancos de areias) e as grandes tempestades que assolam a região, vários navios naufragaram, o Iaiá é um bom exemplo e ainda pode ser visto nas areias da praia.
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