Brasil Passo a Passo

Ficamos meio que espantados tanto pelas distâncias que se deve percorrer dentro da Grande Salvador como também pelo ritmo frenético do trânsito na cidade. Pettinati, presidente da ABIH-BA nos falou que apesar do carisma, das belas paisagens e do povo reconhecidamente hospitaleiro, a Bahia, e principalmente Salvador, vem necessitando de uma abordagem um pouco mais profissional no que diz respeito ao turismo. Os principais jornais falavam que havia certo abandono em relação ao Pelourinho, cartão postal da cidade, e que a própria Casa de Jorge Amado, segundo João Ubaldo Ribeiro, estava merecendo mais atenção. É claro que são poucos dias, e seria muita pretensão, tentar compreender todas as sutilezas culturais e políticas de uma cidade como Salvador. Já a natureza nos contemplava com belas manhãs chuvosas e belíssimas tardes avermelhadas com o sol se pondo sob a Ilha de Itaparica do outro lado da Baia de Todos os Santos. Na Bahia tiveram a sensatez de não cercar a Orla com prédios, permitindo assim que ainda se possa ver e respirar toda a magia deste litoral.

Lembra dos hippies? Pois bem, Arembepe foi a capital hippie nos anos 60 e 70. Figuras como Janis Joplin, Mick Jagger, Roman Polansk, Caetano Veloso e o atual Ministro da Cultura Gilberto Gil entre outros não menos famosos freqüentaram este pedaço de paraíso que hoje sobrevive como uma relíquia, uma jóia ao norte do litoral de Salvador. Nosso anfitrião foi Ivan, Secretário de Cultura de Camaçari que nos apresentou no bar do ágil Ajax o Manú, estilista que fez roupas e capas de disco de gente como Maria Betânia.

Lá na vila hippie estivemos a casa do Lula, pintor e poeta que deixou Salvador há 20 anos atrás para se fixar em Arembepe. Lula nos contou que apesar da forte pressão imobiliária, a vila se mantém com suas 20 casas, 80 pessoas, sem água encanada e luz elétrica. Tudo isto é opção, uma prova de que o mundo pode funcionar de outra forma que não esta a que estamos acostumados.

Quer Saber mais? Fale com o Ivan:

Ivanildo Antônio da Silva – Secretário de Cultura de Camaçari
Fone: 71-3621-4587/4437

“Naquele tempo, em Arembepe” livro de Beto Hoisel, Século 22 editora

Como Búzios, Porto de Galinhas e Arraial d’Ajuda a Praia do Forte também é um daqueles lugares onde a vila foi engolida por uma outra coisa que definitivamente não é ela. Mas na Praia do Forte onde sabemos também ter havido um grande trabalho do TAMAR-IBAMA, há certa diferença. Ali vemos casas de nativos, pescadores ou não, vizinhos a restaurantes ditos internacionais, butiques, resorts, etc. Por um determinado momento pode-se até pensar que o maior problema do Brasil, a questão da distribuição de renda, o apartheid social, pode-se diluir, pode até acabar! Vimos gringos passando sorridentes em direção à praia e nativos tomando cachaça e fazendo batuque em plena segunda feira. Era uma energia boa!

Santa Cruz da Bela Vista, mais conhecida por Mangue Seco, é um destes lugares que as pessoas se apaixonam pela primeira vez. Nossa história com Mangue Seco começa na travessia do rio Itapicurú, 36 km antes, em Siribinha, ao sul. Depois de quase dois meses percorrendo o litoral baiano, estávamos próximos, a poucos km, de concluir o maior litoral do Brasil – 806 km pelo nosso GPS. A caminhada da barra do rio Itapicurú até Mangue Seco foi inesquecível. A travessia não pode ser feita na boca da barra porque ali a correnteza era muito forte. Isto exigiu que o canoeiro remasse por quase uma hora na parte larga, mas também mais tranqüila do rio. Feita a travessia eram só 36 km que nos separavam de Mangue Seco. As condições para a caminhada eram perfeitas. A praia era reta e sem inclinações e fomos ajudados ainda pela maré que baixava. Completamente deserta, a praia, não fossem os coqueiros, lembrava bastante a praia do Cassino, no Rio Grande do Sul, considerada a maior do mundo. Caminhamos forte e pouco antes de chegarmos à foz do rio Real, divisa da Bahia com Sergipe, encontramos algumas barracas na praia e entramos. Em meio a dunas imensas chegamos a Mangue Seco. A vila, com pouco mais de 200 habitantes, pelo menos fora de temporada, inspirava a paz e o relaxamento. Mais do que o rebuliço causado no local com a gravação da novela Tieta, a impressão que Mangue Seco nos causou lembrava mais a Macondo dos “Cem Anos de Solidão” de Garcia Marquez. Instintivamente fomos para a pousada Grão de Areia dos Prados onde Dona Berenice, a proprietária e antiga professora local, nos acolheu com todo o carinho. Ficar sentado ali na varanda vendo as pessoas passar pelas ruas de areia naquelas tardes mornas de outubro é uma experiência ao mesmo tempo simples e fascinante. Nem mesmo a zoeira de alguns bugues que passavam interromperam aqueles momentos de contemplação. O corpo cansado pedia tranqüilidade, e Mangue Seco tem esta paz.

Feriadão em Aracajú e acreditem nem um hotel! Resolvemos seguir em frente e encaramos o sul de Sergipe (mais povoado, mais turismo, etc.) em direção a Linha Verde. Na travessia de balsa, fato inusitado, centenas de carros para atravessar no fim do feriado e a balsa (acreditem!) resolveu fazer uma pausa para o almoço! Nas barraquinhas (acreditem!) não tinha coco!

Mais uma vez revendo as coisas boas que o Projeto TAMAR-IBAMA fez nestes dez anos ao longo do litoral brasileiro. Desta vez recebidos por nossa amiga Jaqueline, que há uma década vem desenvolvendo o projeto no litoral norte de Sergipe, num trabalho próximo com a Reserva Biológica de Santa Isabel. O litoral norte de Sergipe é bem mais selvagem e, portanto mais conservado do que o sul, mais ocupado pela expansão imobiliária e o turismo. Agora, com vários estagiários vindos de todo o país, o projeto se fortalece e estrutura-se para novos e não poucos desafios.

Maragogi

Hotelaria
Salinas do Maragogi
Rod. AL-101 Norte, km 124
Fone: 82-3293-3000 ou 82-9381-6622
Email: glenio.cedrim@salinas.com.br
www.salinas.com.br

São Miguel dos Milagres

Hotelaria
Pousada do Toque
R. Felisberto de Ataíde, s/n – Praia do Toque
Fone: 82-3295-1127 ou 82-9600-4550
Email: pousadadotoque@uol.com.br
www.pousadadotoque.com.br

Maceió

Hotelaria
Hotel Costa Mar
R. Desportista Humberto Guimarães, 420 – Ponta Verde
Fone: 82-2121-3400
Email: reservas@hotelcostamar.com.br
www.hotelcostamar.com.br

Penedo

Hotelaria
Hotel São Francisco
Av. Floriano Peixoto, s/n – Centro
Fone: 82-3551-2274

Restaurante
Oratório
Av. Beira Rio, 301 – Centro
Fone: 82-9909-4777 ou 82-9935-8015

Barco em Piaçabuçú
Adriano
Fone: 82-9919-2805

Viçosa

Hotelaria
Pousada Natures Paradise
Fazenda Baixa Funda
Fone: 82-9901-3054

Resolvemos fazer algo diferente. Sair do litoral em direção à cidade de Viçosa, já no agreste de Alagoas e visitar nosso amigo Duda e a esposa Maria José lá na Fazenda Baixa Funda. Duda é um carioca de Ipanema, surfista e fazedor de pranchas que resolveu dar um tempo da cidade grande e curtir uma vida mais tranqüila e saudável ao lado da esposa e dos filhos Maria Morena e Namor. Agora, além da oficina de pranchas abriram a Pousada Natures Paradise e em tempos de cheia do rio que cruza a fazenda, Duda surfa em ondas formadas nas pedras, tal e quais aquelas ondas artificiais de piscinas nos desertos americanos.

Penedo é uma cidade histórica com H maiúsculo e o ponto de partida para conhecer a foz do São Francisco. Hospedar-se no tradicional Hotel São Francisco, com suas imensas varandas todas de frente para o rio é também de fundamental importância para entrar no clima da cidade e não tenha dúvida, ir toda noite ao Oratório, bar bem localizado nas suas margens. Depois é entrar em contato com o seu Toinho, pescador, sindicalista, poeta e ambientalista que nos levou para conhecer a foz do rio.

Saindo de Piaçabuçú fomos até o Cabeço, já no lado sergipano, onde o mar literalmente engoliu a vila. As areias que o rio trazia já não chegam mais por causa das barragens, daí a gula do mar por praias, vilas e faróis. Quinhentos metros dentro do mar e seu Toinho dizia que ali embaixo de onde hoje estava o barco, havia um coqueiral… A transposição do São Francisco tem gerado muitas discussões e a grande batalha é a seguinte: ambientalistas querem que o rio seja revitalizado (saneamento básico) antes de pensar na bilionária transposição…

Numa disputa um alto executivo pró transposição falou por cerca de uma hora até que passou a palavra (por 03 minutos!) para o seu Toinho que de dedo em riste ameaçou. Agora você vai ter de me escutar! Diante da bravura deste pescador a platéia não teve alternativa se não chama-lo de Nego D’água, numa alusão ao mítico personagem que assombra as almas de todos aqueles que por bem ou por mal desafiam as águas do Velho Chico…
Para entrar em contato com esta figura:
Antônio Gomes dos Santos (Seu Toinho)
Fone: 82-3551-4463

A vocação turística de Maceió há tempos levou os pescadores a procurarem formas alternativas de sustento. Lá conversamos com o Mário, jangadeiro e pescador que hoje conduz passeios para as piscinas naturais da praia de Pajuçara. Ele nos revela alguns segredos da nevegação de jangada – ventos e marés.