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Paraná: preservação e expansão imobiliária

admin | 10 de abril de 2008

O Paraná tem o segundo menor litoral do Brasil, ganha apenas do Piauí.
Ao norte, divisa com São Paulo, o bem preservado Parque Nacional do Superagui contrasta com as concorridas Praia de Leste, Matinhos, Caiobá e Guaraqueçaba, que ao que tudo indica, em pouco tempo vai tornar-se algo semelhante ao que é hoje o litoral de Santos a Peruíbe em São Paulo. Uma única cidade!

Barros
Dez anos depois retornamos à Ilha do Mel e segundo o relato do Barros, proprietário da Pousada Lua Cheia, o número de habitantes cresceu e com isto  problemas ligados a distribuição de água, fossa e dispersão do lixo também cresceram. Devemos lembrar também que a fragilidade do ecossistema Ilha do Mel, devido às suas dimensões reduzidas, ainda é bastante ameaçada pela sua localização na entrada da poluída Baía de Paranaguá.

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Iguape e Ilha Comprida: legislação ambiental e preservação

admin | 4 de abril de 2008

O que são APAs?

São partes do território nacional especialmente protegidas por lei visando harmonizar a preservação dos recursos naturais com desenvolvimento social e econômico, capaz de produzir melhoria da qualidade de vida das comunidades envolvidas. Nas APAs a atividade humana pode e deve existir, bastando ser orientada e regulada de forma a evitar a degradação ambiental e permitir o uso racional dos recursos naturais.

A APA Federal de Cananéia, Iguape e Peruíbe é considerada um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica como também um dos últimos ecossistemas não poluído do litoral brasileiro. A sua parte baixa (próxima ao mar) é ocupada por mangues e restingas que constituem o complexo Estuarino-Lagunar, um dos maiores viveiros de peixes e crustáceos do Oceano Atlântico (Considerado pela ONU o 4o. do mundo).

A fertilidade da região pode ser explicada pela grande quantidade de matéria orgânica que é depositada pelos inúmeros rios que descem da encosta coberta pela Mata Atlântica, oferecendo nutrientes para uma fauna e flora diversificada e abundante. O Mar Pequeno, canal que separa a Ilha Comprida do continente, é considerado um verdadeiro “berçário” onde se reproduzem tainhas e robalos além de ostras e caranguejos.

Para entender a formação da Ilha Comprida, basta lembrar os inúmeros pequenos rios que descem a serra em busca do mar trazendo sedimentos além dos grandes como é o caso do rio Ribeira do Iguape. Todos estes sedimentos depositados no mar foram novamente levados para o continente através de correntes marítimas e dos ventos vindo então a formar a Ilha Comprida, esta extensa restinga, ao nível do mar, com 74 km de comprimento e 4 km de largura.

A Ilha Comprida seria apenas mais uma restinga não fosse o canal que a separa do continente, o chamado Mar Pequeno (fazendo com que ela se torne uma ilha).

As águas protegidas e com a dosagem suficiente das águas doces dos rios que buscam o mar e salgada pelo Oceano que invade seus canais na maré cheia faz com que ali se consolide um exuberante manguezal que serve de abrigo e alimento para a vida marinha.

Um canal, O Valo Grande, como é populamente conhecido, construído por escravos entre 1827 e 1850, com dimensões de 2 km por 4 m de largura recentemente foi reaberto e vem causando danos consideráveis ao ecossistema divido a grande quantidade de água doce por ele escoada, o que compromete o equilíbrio original. Além disso, o Porto do Iguape também vem sofrendo sérios problemas de assoreamento, certamente em função da abertura do canal. Na área, bastante procurada por pescadores, vem sendo sentida a ausência dos peixes, um bom exemplo do que pode acontecer quando interferimos na natureza.

A restinga e a especulação imobiliária.

A Ilha Comprida tem duas faces bem definidas. Na parte interior, no canal do Mar Pequeno, que separa a ilha do continente, temos uma grande concentração de manguezais. Na parte externa, voltada para o mar, temos as praias, as dunas e a vegetação que as cobre, a restinga.

Entre 2.000 e 7.000 anos atrás, variações do nível do mar formaram vastas planícies arenosas ao longo do litoral brasileiro. Os movimentos de transgressão e regressões marinhos (avanço e recuo do mar) fizeram com que estas planícies arenosas tomassem a forma de sucessivos cordões litorâneos. A deposição de areias pelo mar, aliado as tempestades, correntes marítimas e os ventos modelaram uma topografia bastante diversificada indo desde barreiras de areias que bloqueiam rios e lagoas do mar, de dunas ou ainda de planícies arenosas com relevo pouco acidentado como é o caso da Ilha Comprida. Estas planícies arenosas são cobertas por vegetação bem característica que vai desde campos, brejos até a vegetação mais densa à medida que se afasta da costa e encontra solos mais úmidos, matéria orgânica e mais proteção dos ventos e das marés. Estas florestas densas podem chegar até a 12 m.

As restingas, um ecossistema associado à Mata Atlântica, assim como os mangues, talvez seja um dos ecossistemas mais ameaçados do litoral brasileiro. Ocupados inicialmente pelos habitantes indígenas, depois pelos colonizadores europeus que ali se instalaram com suas vilas e cidades, as restingas ainda hoje sofrem uma séria ameaça de existência. Bairros inteiros, como Copacabana no Rio de Janeiro, foram construídos em área de restinga.

A Ilha Comprida apesar de ser uma APA (Estadual e Federal) e apresentar um plano de zoneamento sofre pressões tanto do crescimento da própria área urbana do município, que é muito jovem, como também da especulação imobiliária pela oferta de lotes para construção de casas de veraneio para moradores de Iguape, Cananéia e demais municípios do Vale do Ribeira.

Muitas destas construções são feitas sem o menor critério em áreas de Sambaquis (sítios arqueológicos). Estas áreas nos propiciam informações sobre os habitantes pré-históricos que viviam na Ilha Comprida antes da chegada dos colonizadores europeus.

A Ilha Comprida tem 1000 anos geológicos para cada um ano de vida política administrativa (a ilha tem idade geológica em torno de 6.000 anos ao passo que a emancipação política se deu em 1992!).

Esta jovem ilha, em todos os sentidos, é um ecossistema fragilíssimo com duas faces bem definidas. No interior o Canal do Mar Pequeno, que abriga um dos manguezais mais exuberante do Brasil que por sua vez serve de “berçário” para a vida marinha. Ali a atenção deve se concentrar nas derrubadas ilegais (de manguezais) como também no problemático canal do Valo Grande que trazendo as águas doces do rio Ribeira do Iguape para o Mar Pequeno altera todo o equilíbrio local influindo fortemente na vida da comunidade caiçara que vê o seu alimento – sustento (peixe – caranguejo) desaparecer.

Na parte exterior, voltada para o Oceano Atlântico, os 74 km de praias cobertas ainda em sua maior parte por vegetação de restinga e, o que é mais importante, alguns trechos de dunas, talvez dos poucos exemplares desta formação no litoral de São Paulo. Aqui a preocupação maior é com a especulação imobiliária que pode comprometer todo o equilíbrio ecológico como também a estética da ilha.

A Ilha Comprida é uma área estratégica para a manutenção do equilíbrio da APA Federal de Cananéia, Iguape e Peruíbe.

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Ilha Grande: natureza selvagem bem preservada!

admin | 8 de março de 2008

Pouca gente pode imaginar que entre o Rio de Janeiro e São Paulo, os dois maiores centros urbanos do Brasil, podemos encontrar um lugar tão belo e selvagem como a Ilha Grande.
Os índios tamoios, seus primeiros habitantes, a chamavam de “Ipaum – guaçu”. Com 193 km2, 155 km de litoral e 106 praias este santuário ecológico composto por Mata Atlântica, manguezais, praias, rios com regatos, lagoas, restingas além de alguns picos rochosos foi transformado em APA (área de proteção ambiental).
Um dos fatores que mais contribuíram para o isolamento da Ilha Grande e por sua vez por seus mistérios e preservação foi a distância do litoral. São 12 milhas da costa de Angra dos Reis, sua ligação mais freqüente com o continente.
A ilha, que um dia fez parte do complexo da Serra do Mar, já foi ligada ao continente. Um processo de transgressão (subida) do Oceano Atlântico “afogou” grande parte da região e o que é hoje a Ilha Grande ficou isolada. O interior da ilha, que é montanhoso, é composto por alguns picos rochosos tais como o da Pedra D’água (1030m), do Papagaio (990m), e do Ferreira (740m). Estes picos, que podem ser alcançados por trilhas em meio à Mata Atlântica são excelentes pontos para termos uma vista panorâmica da ilha.
Tanta natureza a ser preservada fez com que a totalidade do território da Ilha Grande (193 km2) se tornasse uma APA. Além da APA que cobre toda a ilha, também um Parque Estadual e uma Reserva Biológica foram criados para dar sustentação a projetos de preservação dos ricos ecossistemas ali existentes.
Reservas biológicas são áreas de tamanhos variáveis, que se caracterizam por conter ecossistemas ou comunidades frágeis de importância biológica, em terra de domínio público e fechadas a visitação pública podendo ser declaradas pela União ou pelos Estados.
A RBEPS (Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul) criada em 02 de dezembro de 1981 esta localizada na parte sudoeste da ilha e compreende uma área de 3600 ha., quase ¼ da área total da ilha.
A RBEPS é coberta em quase sua totalidade pela Mata Atlântica, rica em espécies e uma das mais ameaçadas do país, não restando mais do que 10% de sua área original no estado do Rio de Janeiro.
A grande diversidade de flora e fauna é devida à diversidade de ambientes gerados pela mesma Mata Atlântica e seus ecossistemas associados, que no caso da RBEPS são: lagoas, manguezais, restinga e costões rochosos.
As duas lagoas existentes na reserva recebem tanto águas dos rios que descem da montanha como também do mar na maré cheia. Dos rios provem a lama que formara o solo indispensável à existência de vegetação que circunda as duas lagoas locais (Lagoa do Leste e do Sul), o mangue. Estas lagoas, circundadas pela vegetação de mangue formam verdadeiros berçários para a vida marinha, contribuindo assim para a piscosidade tanto das lagoas como do mar.
A vegetação de restinga, que ocupa a planície arenosa, com uma área de aproximadamente 800 ha., apresenta vários tipos de formações vegetais, desde ambientes mais úmidos onde crescem arvores de até 20 m até ambientes mais secos como a vegetação mais próxima às praias que são constantemente atingidas pelos ventos que sopram do mar deformando-as.
Na RBEPS encontramos uma raridade digna de ser mencionada e cultuada como exemplo. É o Rio Capivari, talvez o único do Estado do Rio de Janeiro que apresente, desde sua nascente até sua foz, águas completamente livres da atividade humana e, por conseguinte de qualquer espécie de poluição. O Rio Capivari, que nasce nas partes mais altas e inacessíveis da Ilha Grande corre por entre encosta coberta de Mata Atlântica formando regatos de rara beleza.
Para além da beleza (estética) que emana de todos os ecossistemas da RBEPS, sua preservação representa a garantia de potencial genético para a reconstituição de flora e fauna de outras áreas litorâneas ameaçadas de extinção. Até o momento, foram identificadas cerca de 500 espécies vegetais, algumas delas até então desconhecidas pela ciência!
A sede da RBEPS construída em 1986 com apoio do WWF localiza-se na praia do Aventureiro e a sua administração fica a cargo da FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente). Ali, há um pequeno vilarejo, a Vila do Aventureiro, habitado por pescadores que vivem da pesca artesanal e da lavoura de subsistência.

Projeto MAQUA: mamíferos aquáticos

O projeto Mamíferos Aquáticos (MAQUA) desde 1992 vem realizando atividade de pesquisa e conservação de Cetáceos (botos, golfinhos e baleias) no litoral do estado do Rio de Janeiro. As atividades consistem na observação dos mamíferos marinhos em ambiente natural, estudo em laboratórios e em trabalhos de educação ambiental com comunidades costeiras. Os estudos, inicialmente desenvolvidos na Baia de Guanabara e Região dos Lagos foram estendidos a Ilha Grande.
O Projeto MAQUA iniciou seus trabalhos na Ilha Grande em 1993 e em 1995 foi instalada a Sede Avançada do Projeto MAQUA na Ilha Grande. Objetivo do projeto é determinar as espécies de cetáceos que ocorrem na região, bem como a interação destes com a população local.
O trabalho de pesquisa é acompanhado por um Programa de Educação Ambiental cuja meta é a conscientização da população sobre a importância da preservação dos cetáceos bem como dos ecossistemas costeiros.

Ilha Grande – Trekking

Tanto a circulação de veículos como a prática do camping selvagem é proibida na Ilha Grande. Mas apesar das proibições, que são compreensíveis se o intuito é o de preservar a natureza, a ilha nos oferece uma vantagem. Ela é muito bem servida de trilhas (algumas são verdadeiras “estradas” em meio da Mata Atlântica) e é possível contorná-la em apenas quatro dias.
A parte leste até a praia de Lopes Mendes, saindo bem cedo, pode ser feita em um dia. Partindo da Vila do Abraão sobe-se um morro e na descida já encontramos a Praia Grande das Palmas e a do Mangues, todas de águas bem calmas. Cruzando novamente o morro e lá esta a praia de Lopes Mendes, preferida dos surfistas. O ideal é, para quem não tem uma pousada garantida na Praia de Dois Rios (onde ficava o Presidio agora demolido), voltar para a Vila do Abraão, pernoitar e sair no dia seguinte bem cedo.
Por uma antiga estrada de terra, bastante avariada, chega-se em duas horas, por entre morros, à praia de Dois Rios. Dali segue-se ainda por entre morros, em meio à Mata Atlântica até Parnaioca, e dali toma-se fôlego por que são mais 6 km por dentro da RBEPS (quatro deles pelas areias das Praias do Leste e do Sul) até a Vila do Aventureiro. Ali há possibilidade de se conseguir um abrigo e prosseguir por entre morros até Provetá, uma vila habitada em sua grande maioria por uma comunidade religiosa.
Reponha as energias e novamente por entre morros chega-se à praia de Araçatiba. Agora, que atingimos as águas mais calmas da Ilha Grande (parte noroeste) há a possibilidade de pegar um barco com os pescadores e ir até a Freguesia de Santana, onde foi edificada a primeira vila da ilha e ainda resta a Igreja (1796).
Para os mais dispostos, mais uma caminhada por entre morros, praias de águas mansas e esverdeadas, como Saco do Céu, por exemplo, até a chegada na Vila do Abraão.
Atenção! Toda a Ilha Grande pode ser contornada por trilhas muito bem conservadas. Mas, a empreitada exige fôlego e como há necessidade de pernoitar em meio o caminho jamais, em hipótese alguma, faça a expedição sozinho. Consulte um nativo, um guia local, que sua caminhada vai ser bem mais segura e proveitosa!

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Saquarema e um pouco de geomorfologia costeira…

admin | 4 de março de 2008

Pouca gente pode imaginar que a apenas 100 km do belo e agitado Rio de Janeiro podemos encontrar uma cidadezinha tão pacata como Saquarema.
De aspecto interiorano, tem na Igreja de Nossa Senhora de Nazaré (1630), a padroeira da colônia de pescadores locais, o seu cartão postal.
Construída no alto de uma rocha à beira-mar, este mirante natural nos permite contemplar a Lagoa de Saquarema ao norte; a leste e a oeste as praias de Itaúnas e da Vila, respectivamente, e ao sul um imenso oceano que estoura as suas ondas violentas nas rochas, abrandado somente pela paz que emana da igrejinha lá do alto, que assiste ao espetáculo impassível.
Este acidente geográfico (costões rochosos) é o local privilegiado (estratégico) para entendermos um pouco a natureza de Saquarema e região.
Olhando o litoral (tanto a leste como a oeste) do alto do morro quase que o perdemos de vista. A oeste, uma única praia que recebe vários nomes (Vila, Saquarema e Jaconé) e vai até Ponta Negra (20km).
As praias têm areias brancas. São finas na parte superior e grossas onde estouram ondas fortíssimas neste mar aberto. A leste, a mesma paisagem, sendo que a distância da praia duplica, 40km, formando a majestosa Restinga de Massambaba.
Este mar aberto e impetuoso (grandes ondas) foi responsável pelas características quase que perfeitas para a prática do surf na região, principalmente nas proximidades das rochas, onde as ondas tomam forma e constância. A existência dessas ondas foi o principal motivo que fez de Saquarema “a capital do surf brasileiro”. Desde a década de 70 campeonatos nacionais e internacionais são ali disputados, o que torna a pacata Saquarema um pouco mais agitada nestes dias.
Olhando a imensidão desse litoral a impressão que temos é de que tudo sempre foi assim, do jeito que vemos agora. Mas a natureza na sua longa e paciente obra teve e continua a ter um longo trabalho para que as coisas chegassem a este estágio.
Quando os continentes se formaram há milhões de anos atrás, resultado da divisão de um único e grande continente chamado Pangea, o afastamento do continente africano do americano originou o Oceano Atlântico e a Serra do Mar.
Durante estes milhões de anos a Serra do Mar sofreu um processo incessante de erosão (desgaste) de suas rochas e esse material foi sendo transportado pelas chuvas, ventos e rios para as áreas mais baixas formando assim o que denominamos de planície costeira.
As planícies costeiras podem ter áreas com características diversas formando então ecossistemas tais como: praias, restingas, dunas, manguezais, lagoas, etc. No caso de Saquarema dois desses ecossistemas destacam-se: as restingas e as lagunas.
Observando uma foto de satélite, ou mesmo um mapa comum, percebemos que a região que vai de Saquarema até Cabo Frio é dominada tanto pela Lagoa de Araruama como pela Restinga de Massambaba. A origem das duas está intimamente relacionada.
Há milhares de anos atrás a Restinga de Massambaba, que separa Saquarema de Arraial do Cabo, como também onde é hoje a Praia do Foguete em Cabo Frio, não existiam. O mar, portanto, avançava suas ondas até onde hoje estão as cidades de Araruama, Iguaba Grande e Pequena e São Pedro da Aldeia, localizadas no fundo da Lagoa de Araruama.
Três pontos foram fundamentais para a formação da Restinga de Massambaba e da Praia do Foguete. As formações rochosas de Cabo Frio, Arraial do Cabo (Pontal do Atalaia) e Saquarema.
As correntes marítimas, ajudadas pelos ventos, aproveitaram-se destas “bases rochosas” e durante milhares de anos depositaram ali as areias do fundo do mar que ao interligarem-se formaram então as restingas. As variações do nível do mar contribuíram também para isso.
Estas restingas foram, aos poucos, isolando aqueles antigos braços de mar e formaram a imensa lagoa de Araruama como também a lagoa de Saquarema. Basta lembrar que em tupi-guarani Saquarema significa “lagoa sem concha”, talvez uma comparação que estes indígenas faziam com a lagoa de Araruama, plena de conchas em alguns trechos.
Estas lagoas de águas transparentes apresentam altíssimo grau de salinidade o que permite boiar com muita facilidade. São muito procuradas também para esportes a vela já que o vento ali é quase constante.
Foram as restingas, com praias e lagoas, que criaram o que hoje denominamos de “região dos lagos fluminenses”, onde além do lazer, a indústria salineira, apesar do declínio que vem sofrendo, ainda faz parte da paisagem.
As restingas, apesar do solo arenoso, estão sendo cada dia mais destruídas pela especulação imobiliária. Basta lembrar que os bairros de Capacabana, Ipanema e Leblon, na cidade do Rio de Janeiro, estão localizados em área de restinga.
Mas se você quiser fazer uma bela caminhada e conhecer uma das mais belas restingas da litoral brasileiro, aconselhamos o trecho que vai da localidade de Figueira (a 30 km de carro por estrada de terra batida a leste de Saquarema) até Arraial do Cabo.
Ali você estará no trecho mais estreito da restinga e há possibilidade de observar tanto o mar como a lagoa.
A caminhada para Arraial do Cabo em principio é feita em praia inclinada e com areia fofa (o que dificulta a caminhada) mas aos poucos a praia fica plana, a areia batida e começamos a entrar num outro mundo, os das imensas dunas brancas e das águas frias e transparentes de Arraial do Cabo.

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Cabo Frio e Arraial do Cabo: sal e sol!

admin | 1 de março de 2008

Cabo Frio pode ser considerada a “capital” da região dos lagos fluminense, tanto pela sua infra-estrutura como pelas suas belezas naturais.
Além de Cabo Frio uma outra cidade bem próxima ajuda a completar este cenário de rara beleza. É Arraial do Cabo, uma antiga aldeia de pescadores cercada de natureza por todos os lados.
Na região encontramos ecossistemas (praias, restingas, dunas, ilhas, costões rochosos e lagoas), paisagens criadas pelo homem (salinas e sambaquis) como também o curioso fenômeno da ressurgência.
Os costões rochosos onde estão localizados Cabo Frio e Arraial do Cabo (Pontal do Atalaia) foram os pontos aglutinadores para que as correntes marinhas e os ventos fossem depositando ao longo desses milhares de anos areias que viriam a formar o que hoje chamamos de Praia do Forte, Dunas e Foguete.
As ilhas, como a de Cabo Frio, dos Porcos, Papagaio, Comprida, Pargos, entre outras, nada mais são do que picos rochosos de antigas montanhas que com o movimento de transgressão (subida) do mar foram submergidas deixando à monstra na superfície estas ilhas.
A região é bem conhecida pelas suas águas verdes – azuis transparentes, o que pode ser explicado por três motivos:
1) observando no mapa percebemos que desde a Baia de Guanabara até Barra de São João (Rio – São João) não encontramos nenhum grande rio que deságüe nessas praias. Isto significa que pouco sedimento (barro) é transportado para o fundo do mar, fazendo com que as águas da região fiquem mais claras.
2) a região é basicamente composta por rocha cristalina cuja decomposição forma areia, ou seja, estas tornam as águas bem menos turvas que o barro.
3) O mar na região é bem mais profundo tornando a possibilidade desses sedimentos serem removidos e de escurecer menos as águas.
Mas as águas verde-azuis são bastante conhecidas também por uma característica que para alguns não é tão agradável. O frio!
Um fenômeno natural chamado de ressurgência ocorre na costa de Cabo Frio e Arraial do Cabo. São águas frias que vem das profundezas do oceano até a superfície. São ricas em nutrientes e extremamente importantes para o crescimento de organismos marinhos, principalmente os peixes. A existência das águas frias nesta região faz com que ocorra um grande número de espécies marinhas.
Mas, Arraial do Cabo, que sempre foi conhecida como uma produtiva vila de pescadores tem visto o seu peixe desaparecer. A responsabilidade é por conta da pesca predatória praticada por barcos industriais a menos de três milhas da costa (área de pesca artesanal).
Por este motivo foi criada a RESEX (reserva extrativista) de pesca artesanal marinha de Arraial do Cabo. O objetivo principal e proteger os pescadores artesanais e combater a pesca predatória dentro dos limites da RESEX.
Com a RESEX espera-se preservar a população tradicional de pescadores locais como também a qualidade de vida destes pescadores e de suas famílias.
As águas frias são responsáveis também (indiretamente) por um fenômeno humano muito peculiar a esta região que são as salinas.
Verificando no mapa, observamos que a ligação entre Cabo Frio e Arraial do Cabo é feita por uma “restinga” bem mais larga do que aquela que liga Arraial do Cabo a Saquarema (Massambaba). Ali, estão localizadas as maiores salinas da região.
Ora, as salinas necessitam de pelo menos quatro fatores para que elas ocorram (se instalem): 1) águas rasas e abrigadas; 2) alta temperatura; 3) pouca chuva; 4) ventos constantes.
A região é perfeita para isso já que a Lagoa de Araruama é muito rasa e obviamente abrigada do mar pela restinga.
As três outras condições estão praticamente interligadas. Como sabemos, o vento é o ar em movimento, e ele sopra sempre das AP (altas pressões) – frio para as BP (baixas pressões) – quente. Sendo assim a diferença de temperatura do mar (frio) para o continente (quente) provoca na região ventos fortes e constantes (nordeste) que ajudam na evaporação das salinas. A região tem um índice pluviométrico muito baixo que também favorece as salinas, já que o excesso de chuva atrapalha a produção do sal.
Mas, as belas e poéticas paisagens das salinas, com seus cercados, cataventos e montanhas de sal estão por desaparecer da região já que o setor está em crise e não pode competir com a especulação imobiliária.
Um outro fenômeno natural de grande beleza, e também altamente ameaçado pela especulação imobiliária, porém, resiste!
São as dunas, marca registrada de Cabo Frio e Arraial do Cabo.
As dunas se formam em conseqüência da deposição de areias pela ação do vento. Cada formação de duna é correspondente às características geográficas de cada lugar. Sua formação pode depender da força e direção dos ventos, das correntes marinhas, da localização da área atingida como também de fatores relacionados à ocupação humana, quando se provoca um desmate, por exemplo.
A ocupação desordenada tanto da restinga como das dunas pode provocar uma perda irreparável de uma relíquia arqueológica inestimável, os sambaquis.
O litoral brasileiro foi ocupado por grupos humanos (indígenas) desde cerca de 6000 anos AC. (antes de Cristo). Grupos sucessivos percorreram a costa brasileira fixando-se temporariamente à beira – mar até a época do Descobrimento. Concentravam-se de preferência em áreas com recursos naturais abundantes. Pescavam, coletavam mariscos e vegetais e também caçavam. Os sambaquis – tambá (concha) e ki (depósito) em tupi-guarani – são a prova concreta da passagem desses grupos de pescadores, coletores e caçadores pela região, principalmente na Restinga de Massambaba, que liga Arraial do Cabo a Saquarema.
Os sambaquis são pequenas elevações formadas por tudo aquilo que indique evidência da ação do homem. São restos alimentares animais (carapaça de moluscos, pinças de crustáceos, ossos de animais) e vegetais (sementes). Esqueletos humanos, utensílios de pedra, ossos, conchas e cerâmica além de restos de fogueiras também são componentes dos sambaquis.
A partir destes restos materiais podemos reconstituir como viviam estas sociedades primitivas já desaparecidas. Os estudos desses sambaquis são interdisciplinares envolvendo desde arqueólogos até zoólogos.
Estes estudos objetivam responder à seguinte questão. Como viviam estes povos e como era o ambiente pré-histórico?
Entendendo o nosso passado talvez possamos encontrar algumas chaves para o nosso futuro.
No caso dos sambaquis a questão da preservação é mais dramática. Um monumento arquitetónico pode ser reconstituído, recuperado, já um sambaqui não, sua perda é irreparável!
Projetos de pesquisa e preservação são desenvolvidos pelo Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro – nos sambaquis da Restinga de Massambaba.

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Jacaraípe das raízes e da Casa de Pedra!

admin | 12 de fevereiro de 2008

Neusso

Antes da palavra sustentabilidade já existia o Neusso, artesão que constrói suas esculturas com raízes ou composição de diversos tipos de madeiras deixadas pela natureza. Sua casa, conhecida como a Casa de Pedra, fica no alto de um morro na praia de Jacaraípe onde ele constantemente açoitado pelo vento recebe os visitantes. Tanto quanto sua bela e ecológica arte é a paz interior de Neusso, que dá ao lugar um ar de igreja, convento, mosteiro, templo…

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Os primeiros raios do Sol

admin | 5 de novembro de 2007

Cabo Branco

Ao sul de João Pessoa fica o Cabo Branco, lugar que já foi considerado o ponto extremo oriental do Brasil mas que, devido a uma erosão marinha perdeu o posto para a Ponta Seixas, alguns metros ao sul. Este fenômeno erosivo é natural, considerando-se que em algumas localidades as marés de abril e setembro são muito altas. Os paraibanos costumam dizer, e com razão, que no Brasil é na Paraíba o primeiro lugar onde o sol aparece no continente sul americano.

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Perobas: Seu Pãozinho e a caipora…

admin | 22 de outubro de 2007

Há quem passe em Perobas, e uns vem de longe, só para ver o Seu Pãozinho. Quando chegamos ele estava se acertando da sesta que, merecidamente, todo cidadão perobense tem direito. Depois de uma água no rosto e uma penteada de cabelo, logo começaram os papos e os causos e, por sua vez, as risadas. Infelizmente cometemos uma grande heresia. Tínhamos almoçado na vizinha Touros, mas mesmo assim não resistimos ao camarão feito por sua esposa e a cerveja sempre gelada do Bar e Restaurante do Seu Pãozinho. A casa e bar ficam no meio de um coqueiral, dos tempos em que as terras eram comuns, não tinham dono, e nas noites de lua cheia os mais velhos ficavam contando causos sob o olhar atento das crianças. A tese central do nosso papo era a seguinte: como antes não havia energia elétrica, era normal que as pessoas vissem mais coisas, estranhas é claro! Ao final chegamos a uma conclusão. Capeta não existe! Mas seu Pãozinho, depois de consultar sua filha Maria do Livramento (84-3693-3016), só concordou se assinássemos em baixo: Tá bom, capeta não existe, mas que tem caipora tem…

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Cabo de São Roque e Ponta do Calcanhar: lá onde o Brasil faz a curva!

admin | 21 de outubro de 2007

Farol do Calcanhar

Durante a caminhada dois pontos eram avidamente esperados. O Cabo de São Roque e a Ponta do Calcanhar. Basta olhar no mapa do Brasil para perceber que do Rio de Janeiro até Belém uma mudança brusca da direção sul-norte para leste-oeste acontece no estado do Rio Grande do Norte. O pensamento que tínhamos em mente o tempo todo, principalmente quando partimos de Natal era, o que iria acontecer quando dobrássemos a curva do Brasil, quais seriam as mudanças? Quanto ao Cabo de São Roque podemos dizer que sensação de mudança de fato não ocoreu, já que ainda mantínhamos a direção sul – norte. Emocionante sim, foi saber que estávamos no ponto do continente mais próximo do litoral africano. Mas ora, como estar no ponto mais próximo da África se o ponto extremo oriental do Brasil é a Ponta Seixas na Paraíba? Simples, olhando detalhadamente os mapas do Brasil e da África juntos, podemos comprovar que desta vez é a África que avança um pouco em relação ao Brasil. Dúvidas? Nosso GPS cravou S-05°29’36.6″ e W-35°15’31.9″ no Cabo de São Roque contra S-07°09’17.7″ e W-34°47’36.2″ na Ponta Seixas, ou seja, a última é o ponto mais oriental, porém uma parte do continente africano avança mais sobre o Cabo de São Roque! Dúvidas ainda? Procure ver a localização da Libéria, Costa do Marfim e Serra Leoa na África e aproveite para relembrar suas aulas de cartografia e os conceitos de latitude e longitude…
Já em Touros foi diferente. À medida que nos aproximávamos da Ponta do Calcanhar o vento nordeste, que nos acompanhava desde o Chuí, batendo quase que de frente, continuou no seu ritmo. Só que agora éramos nós que, fazendo a curva à esquerda, começávamos a senti-lo mais pelas costas. Nada como um empurrãozinho para nos ajudar! Depois de Touros encontramos uma região seca, de dunas brancas e imensas sob um vento forte. Ter o vento soprando nas costas tanto nos impulsionava para frente como evitava que as areias entrassem nos nossos olhos, apesar dos óculos escuros que ali são imprescindíveis devido à claridade. E por falar em claridade uma outra mudança importante foi a direção dos raios solares. Antes da curva o sol nascia no mar e incidia sobre nosso ombro direito quase sempre. Depois da curva, pela manhã, atingia nossas costas. Mas aí tudo bem, a mochila nos protegia. Ter cruzado a “esquina” do Brasil foi para mim, geógrafo, um sonho desde os tempos de estudante realizado. Quando olhava para o mapa e sabia que estava ali fazendo a esquina do Brasil, a sensação era estranha, porém divertida.

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O fotógrafo mirim

admin | 21 de julho de 2007

Alcântra

Marcos Vinícius nos acompanhou durante a nossa estada por Alcântara. E se revelou um grande fotógrafo.

foto: Marcos Vinícius

foto de Marcos Vinícius

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