Cabo de São Roque e Ponta do Calcanhar: lá onde o Brasil faz a curva!
admin | 21 de outubro de 2007Durante a caminhada dois pontos eram avidamente esperados. O Cabo de São Roque e a Ponta do Calcanhar. Basta olhar no mapa do Brasil para perceber que do Rio de Janeiro até Belém uma mudança brusca da direção sul-norte para leste-oeste acontece no estado do Rio Grande do Norte. O pensamento que tínhamos em mente o tempo todo, principalmente quando partimos de Natal era, o que iria acontecer quando dobrássemos a curva do Brasil, quais seriam as mudanças? Quanto ao Cabo de São Roque podemos dizer que sensação de mudança de fato não ocoreu, já que ainda mantínhamos a direção sul – norte. Emocionante sim, foi saber que estávamos no ponto do continente mais próximo do litoral africano. Mas ora, como estar no ponto mais próximo da África se o ponto extremo oriental do Brasil é a Ponta Seixas na Paraíba? Simples, olhando detalhadamente os mapas do Brasil e da África juntos, podemos comprovar que desta vez é a África que avança um pouco em relação ao Brasil. Dúvidas? Nosso GPS cravou S-05°29’36.6″ e W-35°15’31.9″ no Cabo de São Roque contra S-07°09’17.7″ e W-34°47’36.2″ na Ponta Seixas, ou seja, a última é o ponto mais oriental, porém uma parte do continente africano avança mais sobre o Cabo de São Roque! Dúvidas ainda? Procure ver a localização da Libéria, Costa do Marfim e Serra Leoa na África e aproveite para relembrar suas aulas de cartografia e os conceitos de latitude e longitude…
Já em Touros foi diferente. À medida que nos aproximávamos da Ponta do Calcanhar o vento nordeste, que nos acompanhava desde o Chuí, batendo quase que de frente, continuou no seu ritmo. Só que agora éramos nós que, fazendo a curva à esquerda, começávamos a senti-lo mais pelas costas. Nada como um empurrãozinho para nos ajudar! Depois de Touros encontramos uma região seca, de dunas brancas e imensas sob um vento forte. Ter o vento soprando nas costas tanto nos impulsionava para frente como evitava que as areias entrassem nos nossos olhos, apesar dos óculos escuros que ali são imprescindíveis devido à claridade. E por falar em claridade uma outra mudança importante foi a direção dos raios solares. Antes da curva o sol nascia no mar e incidia sobre nosso ombro direito quase sempre. Depois da curva, pela manhã, atingia nossas costas. Mas aí tudo bem, a mochila nos protegia. Ter cruzado a “esquina” do Brasil foi para mim, geógrafo, um sonho desde os tempos de estudante realizado. Quando olhava para o mapa e sabia que estava ali fazendo a esquina do Brasil, a sensação era estranha, porém divertida.
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