Oiapoque: uma ilha e um parque
admin | 14 de junho de 2007Pela terceira vez no Oiapoque pudemos observar como a cidade havia mudado, e para melhor. Um prefeito bem intencionado, tendo como parceiros instituições como o Sebrae e o IBAMA, faz uma cidade mais dinâmica e consciente, assim como são os exemplos de dona Valéria, seu Francisco e o Marcos.
A ilha
Imagine uma catarinense que vai para Rondônia, conhece um mato-grossense e se casa no Acre, vai para o Oiapoque e mora numa pequena ilha no meio do rio Oiapoque, divisa do Brasil com a Guiana Francesa, onde cabe apenas uma casa e um quintal… este casal existe e ela se chama Valéria e ele Francisco.
A casa parece um barco e a varanda onde as pessoas se reúnem para comer, beber e conversar o convés, onde o terrível Urtiga, o gatinho de estimação do casal, tudo controla. Consideramos os dois os “primeiros brasileiros” encontrados pelo nosso projeto. Eles simbolizaram também para nós a tolerância, já que a Valéria é uma branca descendente de italianos e Francisco um mulato, talvez com sangue negro e índio. Os dois, agora com os filhos já criados vivem depois de 32 anos de casados, uma eterna lua de mel na sua Ilha do Sol.
A pousada é freqüentada basicamente por europeus (franceses principalmente) e na ilha estão plantadas árvores com raízes longas e fortes que “seguram” a terra, já que a erosão ali é intensa devido à correnteza do rio. Além do exemplo de tolerância, Francisco e Valéria mostram na prática o que estes “primeiros brasileiros” fazem em prol do meio ambiente. Basta dar uma volta pelo quintal e ver sacos com o lixo separado que será levado para ser reciclado.
O parque
Marcos é um engenheiro eletrônico de Ituiutaba, cidade do Triângulo Mineiro, que trabalhava na CEMIG e que por puro idealismo veio com a família para o Oiapoque para administrar o PNCO – Parque Nacional do Cabo Orange, uma das unidades de conservação com maior dificuldade de acesso do Brasil. Marcos nos conta: “Essa região possui uma rica diversidade biológica e já desempenhou um destacado papel na história brasileira. Representa, através do seu litoral recoberto de manguezais, um grande berçário para as diversas espécies de peixes e aves, sendo que suas florestas abrigam uma variada flora e fauna, podendo existir espécies ainda desconhecidas”. Agora, com o IBAMA bem estruturado começa de fato um trabalho com as comunidades que interagem com o parque, como por exemplo a Vila de Cunani, último vestígio da República Independente de Cunany, que entre 1883 e 1902 tentou ser independente tanto da França como do Brasil, inclusive possuindo moeda e bandeira próprias. Este trabalho junto às comunidades vai ser fundamental para que o PNCO possa receber turistas do Brasil e do mundo de uma forma que fauna, flora e as próprias comunidades não sejam ameaçadas e descaracterizadas.
Comentários