Josimar e o peixe-boi
admin | 3 de novembro de 2007Chegamos à Paraíba com a triste constatação de que o Ceará e o Rio Grande do Norte optaram por uma ocupação do litoral sem grandes preocupações com as gerações futuras. Aqui, no entanto, as coisas pareciam estar um pouco diferentes. A primeira impressão foi boa. Começamos com uma passagem pela Barra do Mamanguape, pequena vila de pescadores perto da divisa com o Rio Grande do Norte. Lá existe o Projeto Peixe Boi Marinho, que havíamos conhecido na caminhada de 10 anos atrás, e gostaríamos de ver como as coisas evoluíram. Na sede do projeto, fomos recebidos pelo guia turístico Josimar que nos deu um panorama geral sobre as condições ambientais da região. Percebemos então que ali o problema não é a especulação imobiliária, mas sim as plantações de cana-de-açúcar que contribuem para o desmatamento da região e a degradação da mata ciliar, resultando em um forte assoreamento do Rio Mamanguape. Este é um dano ambiental sério e de difícil reversão, pois várias espécies de peixes e mariscos que vivem no estuário correm o risco de desaparecer. Josimar ainda nos disse que os caranguejos e camarões da região, bem como a sardinha, já não existem mais em grande quantidade, e que o assoreamento do rio pode também extinguir o peixe-boi, uma vez que este precisa das águas calmas do rio para procriar e os filhotes que nascem muito grandes ficam encalhados no rio assoreado e podem morrer. Fomos depois visitar a família de Josimar e vivenciamos um pouco da vida simples que ele e seus pais levam. Seguimos viagem em direção à João Pessoa passando por todo o litoral norte da Paraíba e ficamos com a sensação, até então, de que este é o estado mais bem preservado até então.
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