Itamaracá: a ilha, o forte e o ônibus!
admin | 8 de novembro de 2007Chegando a Pernambuco, fomos direto para a Ilha de Itamaracá, que nos anos 70 ficou conhecida por conta de uma cantora de ciranda chamada Lia de Itamaracá. Os versos da ciranda mais conhecida eram estes: “esta ciranda quem me deu foi Lia que mora na Ilha de Itamaracá”.
Na Ilha fomos visitar o forte Orange, imponente construção holandesa do século XVII que fica em frente à Coroa do Avião, um banco de areia a alguns metros da praia, povoada por várias espécies de pássaros. No Forte encontramos com o Zé Amaro, ex-presidiário que foi morar ali quando saiu da prisão e que está por lá até hoje. Ele nos contou sua história de vida e de luta para preservar o Forte. Zé Amaro nos relatou o período em que esteve na prisão, e disse que depois de sua saída, em todas as casas que mora não usa fechaduras, pois se recorda dos guardas fechando a cela, o que lhe traz recordações não muito agradáveis.
No Projeto Peixe-Boi Marinho conversamos com a Daniela Araújo, jornalista que nos apresentou a base e os trabalhos nela desenvolvidos, como a preservação do peixe-boi e o trabalho de educação ambiental com a comunidade da região e turistas que ali passam. Fernanda Niemeyer, veterinária que trabalha diretamente com a preservação do peixe-boi marinho nos contou do risco de extinção que a espécie corre e que toda a degradação ambiental da costa norte e nordeste do Brasil é muito grande uma vez que a maioria dos estuários está ameaçada pelas plantações de cana-de-açúcar, pelas fazendas de camarões, pela pesca de arrasto (industrial) e pela ocupação sem planejamento do litoral.
Um detalhe que chamou a atenção foi a fragilidade do peixe-boi marinho: quando a mãe vai procriar procura os estuários por causa de suas águas calmas e teoricamente mais fáceis para a sobrevivência da cria. Mas o que acontece não é bem isto. Como estes se encontram degradados e assoreados a fêmea precisa ter o filhote no mar. Este então não consegue sobreviver pois os predadores são em maior número e também há maior probabilidade de perder-se da mãe, ficando sem poder mamar e morrendo.
Por fim estivemos com um casal, que encontramos por acaso, o Marcelo e a Denise. Eles estão viajando em um ônibus movido a biodiesel há mais de 10 anos, ele ex-empresário e ela artista mais a filha Brisa, de 7 anos. Conversamos bastante com eles em seu ônibus sobre sustentabilidade, trocamos e-mail e marcamos de nos encontrarmos por aí. Saímos de Itamaracá ressentidos com a degradação do litoral norte de Pernambuco, mas felizes em encontrar pessoas com coragem para assumir uma forma de viver em harmonia com a natureza, e que pensam também nas gerações futuras.
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